domingo, 26 de julho de 2009

Tour de França etapa 20

O homem sonha, a obra nasce


O homem sonha...
Reuters

Alberto Contador confirmou a 2ª vitória no Tour, no dia em que Juan Manuel Garate conquistou o Mont Ventoux. Armstrong garantiu o pódio.

Etapa 20 - “Eu tive um sonho”, disse Juan Manuel Garate, o veterano de 33 anos da Rabobank, minutos depois de ter sido o primeiro a chegar ao alto de uma das montanhas míticas da Volta a França,

Mas no sonho de Garate entrava outro homem, Alberto Contador, também ele espanhol e o verdadeiro dominador das três semanas que amanhã se concluem. Johan Bruyneel tinha dito que a Astana não precisaria de atacar para ganhar o Tour e as palavras do director desportivo cumpriram-se.

FUGA CONDENADA, OU TALVEZ NÃO

Para a etapa de hoje o prato forte era sem dúvida o Mont Ventoux. Os restantes quilómetros podem resumir-se à fuga que começou logo no início do dia e na qual vinham integrados os dois homens que disputaram entre si a vitória na etapa: Juan Manuel Garate, da Rabobank e Tony Martin, da Columbia High Road.

16 ciclistas viram-se na frente demasiado cedo, tendo por isso chegado a ter uma vantagem superior a 10 minutos. Com o passar dos quilómetros o pelotão organizou-se em torno das duas equipas mais fortes do Tour, a Astana e a Saxo Bank, e a certa altura a equipa cazaque tentou mesmo criar “brodures” (cortes no pelotão), aproveitando da melhor forma o forte vento mistral que se fez sentir todo o dia. A tentativa não passou disso mesmo e o pelotão manteve-se conpacto até ao início da subida para o Monte Ventoso.

ANDY A CARREGAR FRANK

Entre os homens que tinham a ambição de subir posições na classificação geral, Frank Schleck era quem menos tinha a perder. Com a subida a endurecer a cada um dos 21 quilómetros do Ventoux, começou a ser cumprida a promessa dos irmãos mais ilustres do ciclismo actual.

Andy, o mais novo, foi impondo um ritmo forte e atacava a espaços mas faltava a outra metade, Frank não estava em dia sim e por isso revelava dificuldades em seguir na roda do irmão. O único a responder a todas as tentativas foi Contador, que dava a sensação de poder saltar para a vitória a qualquer momento, mas desta feita prevaleceu a força de Bruyneel, que não terá dado ordem para ataques.

ENTRAS TU, SAIO EU

As constantes alterações de andamento favoreciam o duo da frente, Garate e Martin entraram nos dois quilómetros finais com cerca de um minuto de vantagem, com clara tendência para cair, mas a aposta num jogo táctico por parte dos favoritos deixava a porta aberta à chegada da fuga.

Pouco antes da passagem na marca do último quilómetro, forte ataque dos irmãos Schleck com Armstrong a reagir imediatamente, assim como Contador. Bradley Wiggins, que fez toda a subida “no elástico”, ora perdendo o contacto, ora reentrando no grupo, ficaria definitivamente para trás, mantendo-se ainda assim à frente de Andreas Kloden, que muito trabalhou para ajudar Armstrong.

GARATE, O HERÓI IMPROVÁVEL

Os útimos 300 metros da etapa foram de loucos, Tony Martin que tinha ficado para trás voltou a juntar-se a Garate, mas já não teve pernas para a aceleração final do espanhol, que confirmava assim a sua primeira vitória no Tour (e que local escolheu para o fazer). Depois de triunfos no Giro e na Vuelta, o ciclista da Rabobank entrava na história do Mont Ventoux e dava à equipa holandesa motivos para sorrir. Nem Menchov, nem Freire, nem mesmo o azarado Gesink, foi um veterano de 33 anos a salvar a honra do convento.

PUNHO CERRADO E TIROS PARA O AR

Para Alberto Contador os últimos metros da etapa foram feitos como tantos outros, na marcação a Andy Schleck, mas dando a sensação de que pairava sobre a bicicleta. A leveza com que pedalou monte acima, deixa perceber que não viesse na sua roda o hepta vencedor do Tour e Alberto tinha uma vez mais deixado todos para trás, confirmando que é o melhor escalador da actualidade e um dos grandes da história do ciclismo.

Para as contas da geral destaque para a fantástica subida de Armstrong que veio sempre integrado no grupo dos favoritos, ele que após três anos de paragem garante assim um lugar no pódio, afastando as dúvidas que se levantaram quando anunciou o regresso.

Uma nota ainda para a Liquigás, que vence a camisola da montanha com Pelizzotti e consegue colocar Nibaldi e Kreuziger nos 10 primeiros da geral.

CLASSIFICAÇÃO DA ETAPA

1 Juan Manuel Garate Cepa (Spa) Rabobank 4:39:21

2 Tony Martin (Ger) Team Columbia – HTC 0:00:03

3 Andy Schleck (Lux) Team Saxo Bank 0:00:38

4 Alberto Contador Velasco (Spa) Astana

5 Lance Armstrong (USA) Astana 0:00:41

6 Fränk Schleck (Lux) Team Saxo Bank 0:00:43

7 Roman Kreuziger (Cze) Liquigas 0:00:46

8 Franco Pellizotti (Ita) Liquigas 0:00:56

9 Vincenzo Nibali (Ita) Liquigas 0:00:58

10 Bradley Wiggins (GBr) Garmin – Slipstream 0:01:03

CLASSIFICAÇÃO GERAL

1 Alberto Contador Velasco (Spa) Astana 81:46:17

2 Andy Schleck (Lux) Team Saxo Bank 0:04:11

3 Lance Armstrong (USA) Astana 0:05:24

4 Bradley Wiggins (GBr) Garmin – Slipstream 0:06:01

5 Fränk Schleck (Lux) Team Saxo Bank 0:06:04

6 Andreas Klöden (Ger) Astana 0:06:42

7 Vincenzo Nibali (Ita) Liquigas 0:07:35

8 Christian Vande Velde (USA) Garmin – Slipstream 0:12:04

9 Roman Kreuziger (Cze) Liquigas 0:14:16

10 Christophe Le Mevel (Fra) Française des Jeux 0:14:25

Sem comentários: