quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Volta a Portugal 2010

Jimmy Engoulvent. Um papa-prólogos com jeito para rotundas


Francês da Saur Sojasun somou em Viseu a terceira vitória em prólogos este ano. E é o primeiro a vestir de amarelo


O amarelo deixou de estar só nos pés de Engoulvent para passar a estar também na camisola
A Volta a Portugal tem pontos de passagem obrigatórios. Ninguém perdoa se a maior prova de ciclismo do país não passar pela Torre, na serra da Estrela, pela Senhora da Graça, em Mondim de Basto ou... por Viseu. É verdade: esta capital de distrito do Centro do país tornou-se há algum tempo ponto de passagem obrigatório na Volta. A população gosta, recebe bem toda a comitiva e fica à espera que no ano seguinte os ciclistas voltem a rolar pelas ruas da cidade.

Desta vez, Viseu até teve direito a receber duas etapas seguidas. Sim, porque a última tirada de 2009 - o contra-relógio individual - já tinha sido aqui. Na altura, Hector Guerra foi o mais forte e Nuno Ribeiro, também da Liberty, confirmou a vitória na Volta. Depois aconteceu o que toda a gente sabe: o ciclista português acusou positivo num controlo antidoping. E o espanhol David Blanco ficou com o primeiro lugar, pela terceira vez na sua carreira.

Este ano, o ciclista do Palmeiras Resort-Prio-Tavira partiu à procura de igualar o recorde de Marco Chagas - o homem com mais vitórias na Volta a Portugal (quatro). Mas a amarela só passou 5,5 quilómetros junto ao seu corpo. O oitavo lugar no prólogo obrigou-o a ceder a camisola ao francês Jimmy Engoulvent.

Apesar de já ter 31 anos, o nome do homem da Saur Sojasun não faz grande eco nos ouvidos portugueses. Mas o prólogo de Viseu chegou para perceber que Engoulvent é especialista neste capítulo. Aliás, o palmarés de vitórias do francês diz tudo: este foi o quinto triunfo da sua carreira em etapas, todos em prólogos. E na Volta ao Luxemburgo até já conseguiu esse feito duas vezes. Na última, há dois meses, a concorrência até era bem mais forte (Lance Armstrong e Frank Schleck saltavam à vista como dois dos nomes mais sonantes). E apesar de ser mais curto - 2,6 quilómetros - tinha uma subida íngreme com 400 metros de extensão.

Ontem, em Viseu, não havia nada disso. Apenas umas quantas rotundas - 13, para ser mais preciso - que prometiam dar a volta à cabeça dos mais desprevenidos. Mas antes de se fazerem à estrada vários ciclistas até desvalorizaram o grau de dificuldade do percurso. Enquanto aquecia numa bicicleta de spinning, Cândido Barbosa explicou à RTP que não era assim tão difícil porque as rotundas estão "bem construídas" e "têm espaço suficiente" para passar sem grande sofrimento. Pois bem, havia que reconhecer o mérito dessa arte na cidade com mais rotundas.

À partida, os portugueses até teriam a vantagem de conhecer bem o local, mas o ciclista luso mais bem colocado acabou por ser Filipe Cardoso, da LA Alumínios, no sétimo lugar. Vladimir Isaichev (Xacobeo) e Alejandro Marque (Palmeiras Resort) juntaram-se a Jimmy Engoulvent e completaram o pódio do primeiro dia.
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