No dia 3 de Janeiro, pelas 18h00, nas instalações do Comité Olímpico de Portugal, foram empossados os novos corpos sociais da Federação de Triatlo de Portugal.
Eis a mensagem do Presidente recém-eleito, Vasco Rodrigues:
É com enorme orgulho e sentido de responsabilidade que me encontro hoje aqui! Estas foram umas eleições especiais, não só pela existência de 3 candidaturas, mas também pelo equilíbrio dos resultados! Foi um processo que valorizou a modalidade, quer pelas ideias apresentadas quer pela forma democrática e pacífica como todas as equipas abordaram a campanha! Assim, felicito e agradeço a todos os intervenientes pela sua entrega e desejo as maiores felicidades a todos os órgãos eleitos, colocando-me desde já à sua inteira disposição.
Além da responsabilidade de cumprir com o projeto apresentado e integrar os contributos das restantes candidaturas, tenho ainda o dever de olhar para o passado e daí tirar as melhores lições, pois só conhecendo e respeitando o passado se pode gerir o presente e projetar o futuro.
De facto, os meus antecessores e suas equipas deixaram-nos um legado de dinâmica, rigor e dedicação que nos empurram para patamares de exigência bem elevados, os quais teremos de superar! Lembro que em pouco mais de 30 anos de existência, o Triatlo atingiu resultados e uma notoriedade invejáveis, fruto, sobretudo, de uma abordagem revolucionária e de um trabalho notável de dirigentes, atletas e funcionários.
Com as dificuldades inerentes à implementação de uma nova modalidade num país com os índices desportivos da altura e com a concorrência de modalidades com enorme fulgor, a Federação de Triatlo de Portugal assumiu essa responsabilidade com toda a energia e argúcia que lhe competia e desenvolveu um modelo de Alto Rendimento pioneiro e que lhe trouxe o merecido sucesso pela audácia do seu projeto! O Triatlo é hoje uma das modalidades com melhores resultados internacionais e com uma abrangência de provas que se estende a todo o território nacional!
Contudo, e reconhecendo o enorme trabalho desenvolvido por todos, consideramos que o Triatlo só poderá manter a sua senda de desenvolvimento se mudar o seu paradigma!
É nosso entender que o modelo centralizado que funcionou até agora será uma barreira para o futuro! Numa fase em que a massa crítica existente na modalidade se disseminou por todo o país, em que os clubes possuem já a capacidade, dinâmica e interesse para desenvolver em autonomia os seus projetos, a FTP tem de se reposicionar e redefinir o seu papel, aproximando o seu modo de atuação à das suas congéneres nacionais e internacionais!
O nosso objetivo para este ciclo passa assim por, gradualmente, transferir para os clubes e demais agentes da modalidade a responsabilidade pelo desenvolvimento do triatlo, passando a FTP a assumir funções de supervisão e motivação dos diferentes projetos que surjam em torno da modalidade! Nestes 4 anos queremos deixar de ser os executores para passarmos a ser os catalisadores da modalidade, aproximando a Federação dos seus membros e parceiros e garantindo-lhes as ferramentas necessárias para que cada um possa assumir a sua responsabilidade e tenha a sua oportunidade dentro da modalidade!
Para concretizar este objetivo pretendemos reformular toda a atuação da FTP, obrigando a uma significativa reestruturação interna e dos próprios Programas desenvolvidos mas, sobretudo, teremos de apostar fortemente no estabelecimento de robustas e profícuas parcerias!
E estas parcerias vão muito além do apoio ou autonomização dos clubes, à formação de treinadores ou à promoção do desenvolvimento regional! A capitalização da modalidade é fundamental para atingirmos os nossos objetivos e isso passará necessariamente pela aproximação ao setor privado, pela garantia de maior notoriedade e visibilidade dos nossos eventos e atletas, pela consolidação da relação com os órgãos estatais, pela aproximação aos estabelecimentos de ensino básico, secundário e superior ou pelo cimentar das relações com as nossas congéneres internacionais e com a Federação Europeia e Mundial.
Outros parceiros fundamentais neste processo são as outras Federações nacionais! Temos de agir conjuntamente e lutar por causas comuns como a reestruturação da educação física no programa escolar, a garantia de reconhecimento e apoio para os nossos atletas, bem como de uma carreira após o final do seu ciclo desportivo, a garantia de condições profissionais para os nossos treinadores de Alto Rendimento! Acima de tudo, cabe-nos colocar o desporto no seu devido lugar e dar-lhe o peso social que lhe compete!
De facto, o Desporto é um fator chave em qualquer sociedade, não só pela sua vertente competitiva ou de promoção e afirmação nacional, ou pelos benefícios da atividade física na saúde, mas também pela sua dimensão social, cultural e de desenvolvimento do ser humano! É fundamental que os portugueses percebam todas as dimensões do desporto para que este passe a ser uma realidade na vida de todos!
Mas, se temos de agir para garantir as condições de massificação do acesso à prática desportiva em todos os grupos-alvo, um dos principais focos será sempre o Alto Rendimento, a face mais visível do fenómeno desportivo! E aqui interessa olhar para o que se faz lá fora! Não podemos ficar reféns da situação financeira do país mas temos de, dentro da nossa realidade, encontrar os mecanismos para potenciar os nossos atletas e os seus resultados! E isso só acontecerá quando todos os agentes desportivos agirem concertadamente!
Os orçamentos desportivos das grandes nações são assustadores, a sua base de recrutamento é colossal, mas também é verdade que diversas nações mais humildes atingem os mesmos patamares de exceção! E, em todos os atuais casos de sucesso, encontramos o mesmo denominador comum: a associação estreita entre rendimento desportivo e ciência!
Tentando perspetivar estes 4 anos e a concretização do projeto apresentado, destaco 4 pontos essenciais para o nosso sucesso:
1º – Implementação de um Projeto de Desenvolvimento Local que aproxime municípios, escolas e clubes e que culmine com o desenvolvimento e autonomização das Associações Regionais, pegando no bom exemplo que temos na Madeira;
2º – A alteração do modelo competitivo, deixando a Federação de organizar todas as provas e passando a assumir funções de supervisão, como referido anteriormente;
3º – Garantir a formação atempada de um projeto de Esperanças Olímpicas para 2024, que permita aos nossos atletas mais jovens irem ultrapassando paulatinamente os seus patamares evolutivos e melhorando os seus índices de confiança e adaptação à realidade internacional;
4º- Garantir as condições de trabalho aos nossos atletas e treinadores de Alto Rendimento para que possam atingir todo o seu potencial por altura dos Jogos Olímpicos de Tóquio!
Com objetivos muito concretos:
– manutenção da presença de 3 atletas masculinos, com perspetiva de uma medalha.
– qualificação de 2 atletas femininas e equacionar a possibilidade de termos representação nos Jogos Paralímpicos! Estas duas áreas são fundamentais para nós, por motivos óbvios mas também pelos princípios de equidade, oportunidade e integração que pretendemos para a modalidade!
E porque o mais importante deixamos sempre para o fim, não posso terminar sem referir 2 pessoas que estiveram connosco desde o início deste processo e que, infelizmente, já não estão entre nós! O David Vaz e o Nuno Dias são 2 figuras incontornáveis do Triatlo e do Desporto Nacional e que estiveram na génese deste projeto! Deixaram a sua marca no Triatlo mas também no Atletismo, Ciclismo, Natação, Remo, entre outas modalidades! Deixaram certamente marcas de amizade e companheirismo em todos os lados por onde passaram e compete-nos agora cumprir com o plano que eles ajudaram a definir!
Aproveito ainda a oportunidade para desejar um Bom Ano a todos e lembrar que o sucesso do Triatlo depende do contributo e empenho de todos nós!
Bem hajam!
Vasco Rodrigues
foto:Triatl3ta